Diagnóstico e prevenção fazem agora parte do léxico diário. Para ultrapassar a crise provocada pelo coronavírus, é fundamental proceder com diligência ao rastreio e diagnóstico da infeção. As estratégias de rastreio, seja universal, localizado, ou por grupos da população, têm sempre elementos não só de diagnóstico mas também de prevenção de doença.
Nos últimos meses, e tendo também em conta o tempo de necessário ao desenvolvimento de vacinas e tratamentos, o avanço tecnológico de deteção de doença alcançou um ritmo nunca antes visto. Start-ups dedicadas a produzir testes de diagnóstico mais (ex. ebio25, SalivaDirect) ou menos (ex. Sherlock Biosciences) rápido, mais acessíveis, são cruciais para o sucesso das medidas de contenção da pandemia. Os testes de PCR que são, por agora, o gold standard, têm o seu papel.
O custo de oportunidade a entre sensibilidade do teste e a rapidez da deteção dos surtos e assim, os custos associados a cada tipo de teste, fazem com que a estratégia ótima de rastreio utilize provavelmente uma combinação de diferentes tipos de teste. Testes rápidos e baratos têm sido a chave na luta contra outras epidemias, como zika e ébola, e podem contribuir também para o retomar de atividade, o mais rápido possível, em segurança. É claro que aplicações de rastreio de contacto podem contribuir para a identificação de surtos, mas os riscos para a segurança da população, a muitos níveis, limitam o seu potential. Enquanto as vacinas não atinjam a maturidade, continuaremos a depender de tecnologias de diagnóstico, e de outras seguramente em desenvolvimento, para conter a epidemia.
Mas o problema dos diagnósticos não se fica pela Covid-19. Os cuidados preventivos sofreram muitíssimo nos últimos meses. Há doença por diagnosticar e complicações por prevenir. A inovação em cuidados médicos virtuais poderá contribuir para mitigar os efeitos nocivos da necessária distância criada entre os cidadãos e os prestadores de cuidados de saúde.
As recentes movimentações de capital nesta indústria não deixam margem para dúvidas. Da fusão anunciada pela Teladoc e Livongo, naquele que é o maior negócio de saúde digital, até hoje, por 18.5 milhares de milhões de dólares, aos rumores da OPA da MDLive, a mil e uma outras decisões, a telemedicina veio para ficar. A evolução dos cuidados virtuais tinha, até agora, enfrentado dificuldades de entrada em mercados, também por resistência dos serviços de saúde. Por exemplo, a mudança de política de saúde que permitiu à Medicare reembolsar consultas de telemedicina a taxas comparáveis com visitas presenciais é um exemplo de mudanças estruturais rápidas, que pareciam impossíveis na era pré-Covid-19, e que alimentam a chama da inovação no sector de saúde digital.
Sara Ribeirinho Machado
Department of Health Policy, London School of Economics and Political Science