Desde da chegada do COVID-19 a Portugal que muitas famílias decidiram antecipar compras e acumular bens de primeira necessidade nas suas casas. Multiplicam-se relatos de corrida aos supermercados, a par de pedidos reiterados para evitar “açambarcar os bens de primeira necessidade”, e de garantias de que não existe risco de ruturas permanentes de stock nos supermercados portugueses.
Quem não viu as fotografias de prateleiras de supermercados sem um único rolo de papel higiénico? Quem não recebeu, por entre as múltiplas redes sociais, referências mais ou menos engraçadas sobre a corrida ao papel higiénico? O papel higiénico, a par de muitos outros bens mais ou menos essenciais, é apenas um dos muitos exemplos de produtos que, nos dias que correm, nem sempre são facilmente encontrados nos supermercados.
O centro de investigação em Economia da Saúde da Nova School of Business and Economics (Universidade Nova de Lisboa) está a realizar um inquérito para estudar este e outros fenómenos que verificamos durante a pandemia atual.
Apesar de ainda a decorrer, os primeiros resultados recolhidos entre 13 e 23 de Março (período no qual se inclui a declaração do Estado de Emergência) mostram que 38% dos entrevistados já tinha comprado bens de necessidade básica adicionais como reação à pandemia.
É interessante verificar que esta resposta é assimétrica: por um lado os mais jovens são os que mais anteciparam compras (44% dos indivíduos entre 35 e 45 anos anteciparam compras). O que contrasta quando olhamos para os mais idosos: apenas um quarto o fez.
Os dados também mostram que a população que está mais preocupada com o impacto da epidemia é a que mais antecipa compras. De facto, do grupo que relata ter uma baixa preocupação, apenas 27% anteciparam compras. Porém, do grupo que relata uma preocupação muito elevada, 43% anteciparam compras.
Em tempos que são tudo menos normais, o comportamento da população tem tido mudanças significativas – tentando evitar o contágio e garantir a sua segurança. Estes primeiros dados recolhidos mostram de forma clara estas mudanças – evidenciando que a pandemia de COVID-19 extravasa claramente a fronteira da saúde pública. Na verdade, os seus tentáculos propagam-se pelas várias dimensões da nossa vida quotidiana.
Se ainda não participou aproveite esta oportunidade para preencher a segunda vaga do inquérito
Saiba mais sobre os resultados do primeiro inquérito e sobre este projeto.
Eduardo Costa
Nova School of Business and Economics