Francisco George cessou funções como Diretor-Geral da saúde, por limite de idade, e despediu-se através de uma última intervenção intitulada “44 anos de serviço público”.
A cerimónia serviu como homenagem a esta figura incontornável, que deu um rosto à saúde pública em Portugal durante tantos anos. Nas palavras do ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes, foi “uma celebração inédita” que também caracterizou como “um encontro de amigos”. E de facto, não existirão certamente melhores palavras para descrever o que se passou, dado o ambiente de família, que esperava Francisco George no auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.
Esta festa de despedida, contou com tudo: momentos musicais, testemunhos de amigos, a intervenção do homenageado, prémios e muitos, muitos abraços.
Do lado das honras atribuídas a Francisco George destacaram-se dois anúncios. O de que iria ser criado um prémio com o seu nome, pelo ministério da saúde, a ser entregue anualmente ao melhor projeto de investigação em saúde pública, e também o de que iria receber, do Presidente da República Portuguesa, o colar da ordem de mérito.
Da intervenção de Francisco George, sobressaíram as suas histórias pessoais e profissionais, a análise dos grandes marcos do seu largo mandato (2005-2017) e as suas sugestões para o futuro. Em particular, o homenageado perdeu um pouco mais tempo a congratular-se com o enorme sucesso da implementação da lei do tabaco, do controlo da interrupção voluntária da gravidez, da comunicação da importância da vacinação, entre outros dos inúmeros projetos que concretizou ao serviço da saúde pública em Portugal. Aproveitou também para vincar a importância dos bons hábitos de vida, sem tabaco, sem açúcar e sal em demasia, sem gorduras industriais e com muita atividade física. Desafiou os órgãos políticos a reverem a constituição, dando como exemplo a impossibilidade de determinar uma quarentena, porque as leis fundamentais da nossa república não permitem internar, por via da força, nenhum individuo, a menos que este seja portador de anomalia psíquica. Terminou estabelecendo como três principais desafios para as futuras direções: as doenças transmitidas por vetores, a resistência dos antibióticos e as doenças crónicas não transmissíveis.
Foi uma festa, uma celebração da pessoa e do profissional que sempre viveu “obcecado por servir o outro”. “Uma pessoa calma, muito humana, verdadeira e com uma capacidade impar na arte da comunicação” – Assim é descrito pelos seus amigos, Francisco George, o antigo Diretor Geral da Saúde!
https://www.dossierdelutas.pt/wp-content/uploads/2017/10/159610.pdf
Luís Filipe