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Sputnik V: o prelúdio indesejado para a urgente cooperação internacional de forma a garantir uma vacina eficaz e economicamente viável para a COVID-19

18 Agosto, 2020
by Luís Filipe
APES #COVID19PT
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Com mais de 770 mil mortes registadas, o surto de SARS-CoV-2 constitui um problema global sem precedentes para as economias e sociedades contemporâneas. Com o ressurgimento de uma segunda vaga, o Economic Outlook da OCDE prevê contrações no PIB apenas comparáveis ao pós-guerra: -11.5% na zona Euro, -8.5% nos Estados Unidos, e -7.3% no Japão.

Antevê-se como solução única de longo prazo, uma vacina segura e eficaz que permitirá às sociedades e economias retornar à vida normal sem perda inaceitável de vidas. Num esforço científico fenomenal, centenas de investigações científicas pré-clínicas e ensaios clínicos foram registados desde o início da pandemia. Grande parte dos candidatos em estudo são medicamentos para tratar o COVID-19 que apresentam resultados até então decepcionantes. A atenção está agora virada para a descoberta científica de vacinas. À data de 17 de agosto, segundo o LSHTM VaccineTracker, existiam 197 em investigação pré-clínica, 34 em ensaios clínicos, 6 das quais em fase final de grande escala. Esta tem sido uma corrida fulgurante protagonizada por cientistas, universidades, pequenas e grandes empresas, apoiadas por financiadores públicos e privados.

No entanto, é grande a incerteza na espera por evidência robusta. Cenários otimistas garantem que no final de 2021 teremos disponível uma vacina eficaz para o SARS-CoV-2. Tal otimismo deve ser ponderado com moderação: a evidência histórica sugere uma média de 7 a 9 anos para que uma vacina eficaz esteja disponível. Além disso, há várias questões científicas fundamentais por decifrar, no que diz respeito ao comportamento do vírus e no desenvolvimento das vacinas, como refere a revista Nature. Por exemplo, é inconclusivo o nível e duração de proteção imunológica em indivíduos expostos ao vírus e, portanto, o nível de eficácia de uma vacina.

Contudo, as descobertas científicas são insuficientes para acabar com esta pandemia. Os sistemas de saúde terão que vacinar 50% a 75% da população global. A OCDE alerta para a urgência da cooperação internacional na resolução desta pandemia evitando-se nacionalismos e guerras comerciais que poderão sabotar o fim desta crise. É fundamental que os países cooperem para:

  • Acelerar o progresso científico na luta contra SARS-CoV-2, através da cooperação científica, multiplicando as oportunidades de experimentação coordenada e adesão a padrões internacionais gerando evidência quanto à efetividade e segurança das vacinas candidatas.
  • Estimar a procura global e planear a capacidade de produção e logística de distribuição necessárias, no sentido de priorizar a implementação de uma campanha massiva de vacinação sem precedentes.
  • Assegurar uma vacina eficaz e economicamente viável, acessível às populações em todo o mundo, acordando antecipadamente regras de aquisição e propriedade intelectual de modo a evitar disputas de licitações e de preços que afetarão sobretudo os mais pobres.
  • Definir mecanismos de financiamento público apropriados, complementares ao investimento privado, que reduzam a incerteza do retorno financeiro, vinculados à efetividade da vacina e às condições de acessibilidade e disponibilidade dos vários países, como é o caso da iniciativa global COVAX que visa garantir pelo menos 950 milhões de doses de qualquer vacina bem-sucedida para países de baixo ou médio-rendimento.

 

Infelizmente o bilateralismo tem sido a estratégia dominante. Influenciados pelas atuais estratégias geopolíticas e guerras comerciais, vários países incluindo a União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos da América já assinaram acordos bilaterais com várias empresas, numa luta para garantir  milhões de doses de vacinas candidatas. Também alguns países de baixo ou médio-rendimento estão em negociações com bancos para financiar os seus próprios acordos bilaterais.

Será a corrida a uma vacina contra o COVID-19 a corrida espacial dos nossos tempos? Esta é a sensação de deja vu que a vacina Sputnik V nos deixou, aquando do seu anúncio oficial na passada semana, pelo Presidente Vladimir Putin. Esperemos que Sputnik V não seja a morte anunciada do modelo de cooperação internacional necessário para combater esta pandemia – antes um wake up call para o rumo que necessariamente e quanto antes teremos de tomar.

Eliana Barrenho

OCDE, Economista e Analista de Políticas de Saúde

As opiniões e argumentos expressos neste documento são de responsabilidade da autora e não refletem necessariamente as opiniões oficiais da OCDE ou dos seus países membros.

The opinions and arguments expressed herein are those of the authors and do not necessarily reflect the official views of the OECD or its member countries.

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