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Quando estudos não apontam

23 Julho, 2020
by Luís Filipe
APES #COVID19PT
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Não há muita coisa boa que tenha vindo com este vírus, mas se há algo de positivo a ressalvar será sem dúvida o aumento da atenção para com a ciência. De um momento para o outro, políticos que usavam a opinião da sogra (literalmente) para implementar (ou não) políticas passaram a não dar um passo sem perguntar aos cientistas primeiro (vou admitir que por intenções genuínas e sem nenhuma tentativa de “lavar as mãos”).

Mas isso criou um problema, porque o processo da ciência é estruturalmente lento, e quando algo novo surge não vão existir respostas imediatas. Quando não existem estudos temos de usar o senso comum, a pouca informação que temos e simples análises de custo benefício adaptadas às nossas expectativas.

Exemplo 1: Em Portugal os políticos disseram para os cidadãos comuns não usarem máscara, inicialmente. Isto porque não havia evidência estatística que as máscaras ajudassem. Mas não será senso comum que os tecidos possam dificultar a passagem de gotículas para as nossas vias aéreas? Independentemente de não se saber na altura (ou até ainda agora) como é que o vírus se transmitia e da efetividade das máscaras, o senso comum dizia que provavelmente elas poderiam ajudar. E a que custo? Se conseguissem ser evitadas ruturas de stocks para quem mais precisasse (o que não deveria ser um problema caso não fossem eficazes) e que as pessoas caíssem num sentimento de falsa segurança, os custos seriam muito baixos. Logo, o benefício esperado era relativamente alto (número de contágios e mortes potencialmente evitadas) e o custo efetivo era mínimo. Conclusão: usar, mesmo sem evidência.

Exemplo 2:  Muitos países queriam usar cloroquina no tratamento e prevenção da doença porque um estudo manhoso disse que fazia efeito. O Trump e o Bolsonaro até perguntaram: “o que temos a perder?”. Mas é aí que está o erro deles. O que eles queriam dizer é que o valor esperado dos benefícios é positivo. E realmente, por muito baixa que fosse existia alguma crença que a substância pudesse ajudar. A questão são os custos. Porque havia também uma crença forte que a substância pudesse causar efeitos secundários (alguns deles documentados) em quem a tomasse. Então o benefício esperado, embora positivo, é negligenciável, mas o custo esperado não. Conclusão: não usar.

Exemplo 3: Se não estou em erro (corrijam-me se estiver errado) ainda não há evidência estatística de que o vírus se possa transmitir através do contato com superfícies infetadas. No entanto estamos todos obrigados a esfregar as mãos com álcool à entrada de supermercados e outras lojas. Mas se não há evidência porque é que o fazemos? Fazemos porque colocamos alguma crença na possibilidade de o vírus se transmitir desta forma. Imaginem que afinal o vírus não se propaga através das superfícies. O que é que nos custou pôr álcool nas mãos? Nada. Mas e se ele se propaga através das superfícies, quantas vidas salvámos? O benefício real até pode ser zero, mas o benefício esperado é sem dúvida positivo e não negligenciável. O custo é por outro lado bastante baixo. Além disso não se perde nada em criar mais hábitos de higiene que podem ajudar a prevenir outras doenças ou outros problemas. Conclusão: usar.

Reparem que a evidência científica poderá posteriormente alterar ou confirmar as decisões. Mas enquanto se espera é preciso fazer algo. Para isso deve-se usar o conceito de expectativas que têm como base toda a informação que já foi gerada até ao momento da decisão. É usar o senso comum mesmo!

Luís Filipe
Lancaster University

 

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